quinta-feira, 16 de abril de 2009

Só pra pensar um pouco...


" Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez , geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor é acionado e nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia e só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula 'dois em um': duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulaçãoQue só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que sentimentos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.Ah! Também contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém"


John Lennon

terça-feira, 7 de abril de 2009

O Amor que choveu


-> A história de uma paixão maior que o mundo


Era uma vez um menino que amava demais. Amava tanto, mas tanto, que o amor nem cabia dentro dele. Saía pelos olhos, brilhando, pela boca, cantando, pelas pernas, tremendo, pelas mãos, suando. (Só pelo umbigo é que não saía: o nó ali é tão bem dado que nunca houve um só que tenha soltado).
O menino sabia que o único jeito de resolver era dando o amor a menina que amava. Mas como saber o que ela achava dele? Na classe tinha mais 15 meninos. Na escola 300. No mundo, vai saber, bilhões... Como ia acontecer de a menina se apaixonar justo por ele, que tinha se apaixonado por ela?
O menino tenta trancar o amor numa mala, mas não tinha como: nem sentando em cima o zíper fechava. Resolveu então congelar, mas era tão quente o amor, que fundiu o freezer, queimou a tomada, derrubou a energia do prédio, do quarteirão e logo o menino saiu andando pela cidade escura - só ele brilhando nas ruas, deixando pegadas de star fix por onde passava...
O que é que eu faço? – perguntou ao prefeito, ao amigo, ao doutor e a um pessoalzinho que passava a vida sentado em frente ao posto de gasolina. Fala pra ela!!! – diziam todos, sem pensar duas vezes, mas ele nem tinha coragem.
E se ela não o amasse?
E se não aceitasse todo o amor que ele tinha para dar? Ele ia murchar que nem uva passa, explodir como bexiga e chorar até 31 de dezembro de 2.978.
Tomou então a decisão: iria atirar seu amor ao mar. Um polvo que se agarrasse a ele – se tem 8 braços para os abraços, por que não 4 corações para as suas paixões? Ele é que não dava conta, era só um menino, com apenas duas mãos e o maior sentimento do mundo.
Foi até a beira da praia e, sem pensar duas vezes, jogou. O que o menino não sabia era que seu amor era maior do que o mar. E o amor do menino fez o oceano evaporar. Ele chorou, chorou e chorou pela morte do mar e de seu grande amor.
Até que sentiu uma gota na ponta do nariz. Depois outra, na orelha e mais outra, no dedão do pé. Era o mar, misturado ao amor do menino, que chovia do Saara a Belém, de Meca a Jerusalém. Choveu tanto que acabou molhando a menina que o menino amava. E assim que a água tocou sua língua, ela saiu correndo para a praia , pois já fazia meses que sentia o mesmo gosto, o gosto de um amor tão grande, que já nem cabia dentro dela.


Antônio Prata

sábado, 4 de abril de 2009

Eu juro


-> Você está passando por um momento difícil? Calma. Vai passar.

Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei como dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que da vontade de abrir o zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. (Fernando Pessoa escreveu, num momento parecido, “Hoje não há mendigo que eu não inveje por não ser eu.”).
Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Alias, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai aguentar, mas agüenta: as dores e a vida.
Pense assim: agora ta insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo, ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás.
Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já está lá longe.
A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, esse chumbo na garganta, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou.
Agora não dá mesmo para ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é uma bobagem. Como cantou Vinícius “É melhor viver do que ser feliz”. Porque para viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perde. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado para trás, cai. Dói, ai, eu sei como dói. Mas passa.
Ta vendo a felicidade ali na frente? Não, você não ta vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz.
Ta vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que to falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.